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Description
A astronomia é considerada uma das ciências mais antigas, desde os primórdios o homem passou a observar os astros, de modo a se desenvolver e garantir sua subsistência. A partir destas considerações, foi realizada a construção do Observatório Solar Indígena (OSI) Guarani, no Campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Campo Mourão, tendo como base as pesquisas e os escritos do professor Germano Afonso que estudou com profundidade o céu dos índios de Dourados – MS. O Observatório consiste, em rochas (seixos) posicionadas em determinados intervalos formando uma circunferência, contendo a indicação dos quatro pontos cardeais em suas extremidades, o ponto onde a vertical local encontra o céu (Zênite) representa NHANDERU (que no Universo Guarani é o pai de toda criação) e os quatro pontos cardeais correspondem a deuses. O ponto cardeal Norte é JAKAIRA RETÃ, deus da neblina vivificante e das brumas que abrandam o calor, origem dos bons ventos. O Sul é NHAMANDU RETÃ, deus do Sol e das palavras, representa o tempo-espaço primordial, o Leste é KARAI RETÃ, deus do fogo e do ruído do crepitar das chamas sagradas e o Oeste é TUPÃ RETÃ, deus das águas, do mar e de suas extensões, das chuvas, dos relâmpagos e dos trovões. O Observatório Solar Indígena contém ainda uma rocha de maior tamanho no centro com altura considerável, a rocha central recebe o nome de Gnômon, as faces maiores do gnômon ficam voltadas para a linha norte-sul e as menores para a leste-oeste. Em volta do gnômon indígena há rochas menores (seixos) que formam uma circunferência e três linhas orientadas para as direções dos pontos cardeais e do nascer e do pôr do sol nos dias do início de cada estação do ano (solstícios e equinócios). O movimento aparente anual do Sol divide o calendário Guarani em tempo novo, período da primavera e verão (ARA PYAU) e tempo velho, período do outono e inverno (ARA YMÃ), assim, quando o Sol surge ao lado norte traz ventos e brisas e que, ao contrário, quando surge mais ao lado sul, traz chuvas. Os povos originários contavam os anos pela observação do movimento aparente do Sol de um trópico a outro, e tinham conhecimento dos meses pela época das chuvas e pela época dos ventos ou, ainda, pelo tempo de determinados frutos.