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Description
Este trabalho objetiva apresentar um instrumento astronômico didático, que está disponível no Polo Astronômico Rodolpho Caniato, conhecido como esfera armilar. Segundo Trogello, Neves e Langhi (2024) tal esfera consiste em um instrumento altamente engenhoso que permite discutir questões da história da ciência, da geometria e questões do movimento aparente do Sol para um determinado ambiente, bem como explicar a ocorrência das estações do ano. A partir desse instrumento é possível discutir a visão ptolomaica (ou geocêntrica) do cosmos. O conceito que fundamenta esse modelo é o da abóbada celeste, uma representação do cosmos como uma esfera em cujo centro é a Terra que habitamos. É a partir desse conceito que buscou-se entender a geometria do cosmos e a base da astronomia de posição desde a Antiguidade até Idade Moderna e, para muitos propósitos este é um modelo que ainda é útil para nós, como as navegações marítimas. Se observarmos a abóbada celeste por dentro veremos todos os corpos celestes localizados em algum ponto da superfície da esfera. Podemos especificar a localização de cada um por alguma definição convencional de suas coordenadas. Pela rotação da Terra, vemos toda a esfera girar ao nosso redor e descrevemos uma rotação completa a cada 23 horas e 56 minutos, o que corresponde ao chamado dia sideral. O eixo dessa rotação, também chamado de eixo do mundo, é a linha que passa pelos polos norte e sul da Terra e continua até atingir a superfície da esfera; É assim que determina o polo celeste norte e o polo celeste sul. Equidistante entre os dois polos celestes da esfera é a circunferência do equador celeste, determinado pela projeção no céu da circunferência do equador terrestre. A partir dessa esfera armilar é possível também se discutir a região do horizonte em que o Sol surge pela manhã e se põe ao final do dia, desmistificando o erro de que o Sol nasce no Leste e se põe no Oeste. Assim, quando o Sol "nasce" mais ao norte segue um caminho mais baixo em relação ao horizonte, ao longo do dia. Os dias para esse observador são mais curtos nesse período (caracterizando o inverno), ao passo que se tornam mais longos quando o Sol nasce mais ao sul (caracterizando o verão). Podemos dizer então que durante o ano o Sol surge no horizonte Leste em posições diferentes, que vai do trópico de capricórnio no hemisfério Sul (latitude 23,5°Sul) até o trópico de câncer no hemisfério Norte (latitude 23,5°Norte). Assim, para um observador localizado no hemisfério Sul, em dezembro o Sol surge no horizonte Leste sobre o trópico de capricórnio e em junho sobre o trópico de câncer.