Speaker
Description
A colocação de piercings é uma prática frequente entre adolescentes, muitas vezes encarada como uma forma de expressão pessoal. Contudo, não está isenta de complicações, incluindo infeções locais, reação inflamatória exuberante e, mais raramente, o desenvolvimento de granulomas piogénicos. A abordagem clínica adequada é fundamental para evitar complicações graves e garantir um bom prognóstico.
Descreve o caso de uma adolescente, 16 anos, saudável, trazida ao Serviço de Urgência no 5º dia após colocação de um piercing na fossa triangular da orelha esquerda, por dor e sinais inflamatórios locais. À observação confirmou-se a presença de edema e eritema de toda a orelha, motivo pelo qual foi feita remoção do piercing e instituída antibioterapia oral com amoxicilina e ácido clavulânico. Dada a persistência de queixas e ausência de melhoria clínica após uma semana de antibioterapia, recorre novamente ao Serviço de Urgência, onde foi identificada a presença de um granuloma piogénico. Neste contexto, optou-se pelo internamento para antibioterapia endovenosa e colheita de pús para exame microbiológico. O estudo bacteriológico isolou uma Pseudomonas aeruginosa, sensível a ceftazidima. Cumpriu 5 dias de ceftazidima endovenosa com evolução clínica favorável. Teve alta medicada com ciprofloxacina oral por mais 7 dias e foi encaminhada para consulta de Cirurgia Geral para reavaliação e seguimento.
Este caso ilustra uma complicação infeciosa relevante e rara associada à colocação de piercing auricular em adolescente, com isolamento de Pseudomonas aeruginosa. O reconhecimento precoce e antibioterapia dirigida são essenciais para prevenir complicações locais e garantir uma resolução completa. A sensibilização dos adolescentes e famílias para os riscos associados à colocação de piercings continua a ser um importante desafio em saúde pública.