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Introdução: O uso de telemóveis e outros dispositivos digitais em crianças e adolescentes é um fenómeno transversal, com implicações para o desenvolvimento físico, psicológico e social. A evidência associa o tempo excessivo de ecrãs a alterações de sono, aumento do sedentarismo, alterações cardiovasculares, visuais, musculoesqueléticas e de saúde mental. Este cenário desafia a fisioterapia pediátrica a integrar novas variáveis de avaliação e intervenção, alinhando-se com uma visão de saúde digital que privilegia prevenção e inovação. Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura entre 2020 e 2025, incluindo revisões sistemáticas, meta-análises e orientações internacionais. Foram analisados estudos sobre os efeitos da exposição a telemóveis em crianças e adolescentes, com foco nas dimensões motoras, funcionais e comportamentais, e nas recomendações de organizações pediátricas e de saúde global. Resultados: Os estudos sugerem que maior tempo de ecrã está associado a redução da atividade física, perturbações do sono e aumento de sintomas ansiosos e depressivos. Alterações posturais, como a anteriorização da cabeça, são observadas, embora sem relação direta com dor cervical. Meta-análises apontam risco acrescido de hipertensão arterial em adolescentes. Por outro lado, o uso interativo de dispositivos pode favorecer a função executiva. As guidelines da American Academy of Pediatrics e da Organização Mundial da Saúde recomendam limitar o tempo de ecrã e encorajar atividade física lúdica e estruturada. Conclusão: O tempo de ecrã deve ser considerado um determinante de saúde em idade pediátrica. A fisioterapia pediátrica deve adotar um novo paradigma, incorporando a avaliação do uso digital no exame clínico, promovendo literacia em saúde digital junto a famílias e escolas e prescrevendo atividade e exercício físico. Esta abordagem prepara o caminho para uma prática integrada e centrada na criança, respondendo aos desafios do século XXI e aos princípios subjacentes à Pediatria 5G. Palavras-chave:Telemóveis; Tempo de ecrã; Fisioterapia pediátrica; Atividade física; Saúde digital.