21–23 May 2025
Centro de Artes e Comunicação e Instituto Ricardo Brennand
America/Recife timezone

O forró político do bloco Pisa na Fulô: carnaval e posicionamento

21 May 2025, 16:05
20m
Comunicação Comunicações (geral) Comunicações

Speaker

Max Hebert Teixeira Silva (Mestrando em Artes - PPGARTES - UEMG)

Description

Na esteira do renascimento do Carnaval de Belo Horizonte, surgiu o primeiro bloco de forró do Brasil. Fundado em 2014, o Bloco Pisa na Fulô tem a proposta de trazer para as ruas da capital mineira a junção do carnaval com o forró, gênero musical menos presente na folia que outros ritmos como o samba e o axé. O Pisa, tal como outros blocos que encabeçaram esse renascimento, é um desdobramento do movimento por ocupação e revitalização do espaço público que trouxe para as avenidas e para as redes sociais pautas políticas como feminismo, LGBTQIA+fobia, preservação ambiental, anti racismo, etc. O forró do Pisa na Fulô nasceu político, inclusive incentivando a vacinação durante a pandemia e se colocando contra a reeleição da extrema-direita.
Na época das eleições de 2022, em todos os shows de MPB que eu ia, os artistas declaravam seu voto e o público vibrava "fazendo o L". Porém, com exceção do Pisa, nos eventos de forró no Sudeste, a ausência de posicionamento me chamou a atenção. Para o historiador Carlo Ginzburg, as ausências são grandes indícios. Então comecei a me perguntar: por que o forró parece não se implicar em questões políticas e partidárias? Por mais que as letras falem de questões sociais, como o retirante, a seca e a pobreza, os representantes do forró historicamente não tiveram uma posição clara de enfrentamento ao status quo, nem de engajamento, como foi na MPB. Vale lembrar a querela entre Gonzaga e Gonzaguinha, na qual o filho, contrário ao golpe, cobrava um posicionamento mais firme do pai em relação à ditadura militar. Gonzaga tinha sido militar em 1930 e, ao longo dos anos, fez jingles políticos à esquerda ou à direita, apoiando quem estava no poder - e apesar disso, teve músicas proibidas e censuradas pela ditadura. Há quem diga que Gonzaga apoiou a ditadura, embora alguns biógrafos prefiram usar o termo “acomodado” ao invés de “colaboracionista” ou “reacionário” (OLIVEIRA e SANTOS, 2021, p.73). O “rei do baião” primava pela “incoerência e absoluta falta de consciência política”, diz uma biografia (DREYFUS, 1996, p. 261). Era alguém tradicionalmente associado aos governantes da ocasião, sempre com o objetivo paternalista de conseguir investimentos do governo para o Nordeste (OLIVEIRA e SANTOS, 2021, p.64). Da mesma forma, quando Sivuca volta pro Brasil em 1964, sua biógrafa diz que
"Esse tipo de posicionamento musical, ao mesmo tempo engajado e confuso, não encontrava eco em Sivuca. Era pra ele impossível se identificar com as mais recentes reviravoltas que a música popular brasileira estava gestando" (BARRETO, 2011, p. 250)
Será que podemos dizer que há uma acomodação política no forró pé de serra?
Através da minha vivência como sanfoneiro do Pisa na Fulô, por meio da etnografia e da sociologia da música, falaremos das peculiaridades dessa fusão do forró, do carnaval e da política. Em seguida, com análise das letras e diálogo com outros estudos, a proposta deste trabalho é ser uma reflexão histórica do forró enquanto posicionamento.

Estudante de programa de pós-graduação? sim

Author

Max Hebert Teixeira Silva (Mestrando em Artes - PPGARTES - UEMG)

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