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No segundo semestre de 2023, a Universidade Federal do Piauí promoveu o curso de extensão "Etnografia da música: práticas, escritas e reflexões decoloniais". Nesse momento, foram documentadas práticas musicais de diferentes origens encontradas na cidade de Teresina. Alinhada a uma perspectiva decolonial, tal iniciativa aproximou o conhecimento acadêmico das dinâmicas socioculturais para promover diálogos interculturais e habilidades de escrita etnográfica. O curso estruturou-se em três frentes: etnográfica, reflexiva e decolonial; dimensões que trataram respectivamente da documentação e análise das práticas musicais locais, de leituras e discussões teóricas e de crítica aos paradigmas eurocêntricos. Nesse sentido, encontramos embasamento teórico nas propostas de Antônio Bispo, Anthony Seeger, Clifford Geertz, Aníbal Quijano e Edilberto Fonseca. Partindo desses referenciais, a metodologia contou com participantes-pesquisadores (como denominamos os concluintes do curso) que realizaram “mini-pesquisas de campo”. Essa ação os aproximou momentânea e simultaneamente da posição de pesquisadores amadores e/ou em formação. Dessa forma, cada participante-pesquisador construiu dados sobre uma prática musical. Posteriormente, esse conteúdo, que poderia ser de cunho textual e/ou audiovisual, foi analisado e categorizado. Como resultado desse processo, temos a documentação de nove práticas musicais que foram apresentadas e discutidas ao longo do curso de extensão. Para o presente trabalho, selecionamos seis dessas práticas musicais com base em critérios como representatividade da diversidade musical local, bem como potencial para apresentar temas e questões de cunho decolonial. Dessa forma, ao unir etnografia e decolonialidade, o curso documentou distintos gêneros, estilos e fazeres musicais presentes na cidade de Teresina: da banda de heavy metal à banda gospel; de artistas independentes à um violonista com formação acadêmica; passando, inclusive, por uma banda infantojuvenil. O processo de categorização, reflexão e análise dessas sonoridades proporcionou um espaço inclusivo, democrático e representativo das diversidades culturais, onde as vozes subalternas puderam ser ouvidas e valorizadas Finalmente, destacamos a importância de uma abordagem etnográfica e decolonial, que não apenas documente, mas também promova a inclusão e a representatividade das diversidades culturais.
Estudante de programa de pós-graduação? | não |
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