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Description
Partindo de uma abordagem etnomusicológica e interdisciplinar do passado histórico, propomos, a partir de um reestudo de fontes documentais e bibliográficas referentes à trajetória e às redes de relações (Lucas, 1998) do músico Luiz Alvares Pinto (ca.1719-ca.1791), compreender o exercício do ofício da música em Recife e Olinda ao longo do setecentos. A escolha da temática é um recorte da minha pesquisa de doutorado, em andamento, “Ofício de honrado procedimento? Compreendendo o exercício do ofício da música e das alteridades sonoro-musicais em Recife e Olinda ao longo dos setecentos”, na qual proponho compreender, a partir das trajetórias dos músicos e de suas redes clientelares (Xavier; Hespanha, 1998), o exercício laboral do ofício da música ao longo do século XVIII em Pernambuco. No decorrer de nossas pesquisas, ao levarmos em consideração principalmente a análise de fontes extra-musicais, constatamos uma considerável quantidade de músicos com significativo capital musical atuando em Recife e Olinda, alguns desses passando atuar na metrópole portuguesa. As trajetórias desses músicos possibilitam compreender as práticas sociais e estratégias de projeção através do seu ofício, bem como apontam caminhos para compreendermos a posicionalidade desses músicos e de suas gerações em uma sociedade hierarquizada e escravista, mas também imersa em “práticas locais costumeiras” (Fragoso, 2010) e, no caso de Luiz Alvares Pinto, no seu contexto social, em busca de uma afirmação parda. As fontes documentais para a pesquisa são principalmente as contribuições das transcrições musicológicas e publicações do Pe. Jaime Diniz depositadas na Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello do Instituto Ricardo Brennand, complementadas com documentos localizados através de nossa prospecção no Arquivo Histórico Ultramarino e na Torre do Tombo, além dos documentos do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano e de alguns livros de irmandades do Recife, depositados no Arquivo Dom José Lamartine Soares, da Cúria de Olinda e Recife. Apesar do desafio decorrente da dispersão e fragmentação das fontes, o tecer das trajetórias e de suas redes de relações, das quais apresentaremos o exemplo de Luiz Alvares Pinto, possibilitou compreendermos o exercício profissional e as singularidades do exercício desse ofício em Recife e Olinda ao longo do século XVIII e como esse capital musical foi transmitido ao longo das gerações.
Palavras-chave: Ofício da música; Luiz Alvares Pinto; Redes de relações; Recife e Olinda; Século XVIII.
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