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Pernambuco é conhecido no Brasil por ter uma diversidade de gêneros musicais, onde podemos ver a atuação do cavaquinho nas festividades, produções fonográficas e formações instrumentais distintas. Este instrumento surgiu em Portugal e se expandiu para outros países, desenvolvendo em cada lugar onde chegou uma linguagem e singularidades. Uma construção de identidade que se dá através da forma como é tocado pelos cavaquinistas, sua anatomia e interações sociais em torno da sua prática.
O cavaquinho ganhou popularidade no Brasil e está presente em gêneros como o samba, choro, forró e o frevo. Os cavaquinistas que tocam o frevo, tem sua performance no cavaquinho como solistas e na base harmônica, através dos regionais de choro e das orquestras de pau e cordas que acompanham os blocos líricos (Dantas, 2019). Esta formação instrumental é um regional de choro ampliado com flauta, clarinete, violão, cavaquinho, bandolim, banjo e percussão.
Desde 1919, quando surgiram os blocos, percebe-se semelhanças entre o choro e o frevo (Teles, 2021), gêneros musicais onde o cavaquinho traz a sua musicalidade e identidade nas suas construções rítmicas, melódicas, harmônicas e nas interações dos músicos. Observamos que devido a proximidade desses gêneros, os cavaquinistas que tocam o choro, tocam o frevo, criando um sotaque específico ao tocar esse instrumento, sua inserção nas rodas de choro, no carnaval e produções fonográficas brasileiras.
Este trabalho investiga a atuação do cavaquinho no frevo pernambucano e a construção social da identidade cultural dos cavaquinistas. A partir da coleta de materiais diversos, como documentos e documentários, materiais jornalísticos e sonoros, bem como depoimentos. Com base nas contribuições teóricas de Stuart Hall, Márcia Taborda, Eric Hobsbawm e Canclini, analisamos como, dentro do marco temporal de 1984 até 2000, se configura, sob aspectos históricos no contexto da sociedade pernambucana, a construção identitária dos cavaquinistas que tocam frevo, influenciados pelas orquestras e nas interações com os outros músicos, desenvolvem uma performance com aspectos rítmicos, melódicos e harmônicos, criando um sotaque específico ao tocar o cavaquinho.
A relevância destes marcos temporais se dá pelo fato de termos, neste período, o cavaquinho passando por um processo de mudanças nas suas formas de utilização, saindo dos desfiles de rua para os estúdios, como solista de frevos, na concepção do repertório e na prática desse instrumento no contexto da sociedade pernambucana.
Basicamente, nossa pesquisa abrangeu o levantamento dos seguintes dados: 1) Pesquisa Online: coleta de jornais, artigos, fotos, livros, dissertações, teses e sites; 2) Pesquisa documental: documentos como partituras, fotos, jornais e outras fontes e materiais não publicados; 3) Pesquisa sonoro-documental: produção fonográfica com discos, CDs e fitas gravadas.
Para o aprofundamento desta pesquisa, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com revisão literária e análise sobre o que existe no meio acadêmico de periódicos, artigos, jornais, anais de eventos e livros, relacionados sobre música e identidade cultural, cavaquinho, choro e frevo. Esta temática está relacionada ao projeto de pesquisa " O Cavaquinho no Frevo: Um estudo sobre a atuação do cavaquinho no frevo no estado de Pernambuco", submetido ao programa de Pós-graduação em Música da UFPE.
Palavras-chave: cavaquinho; frevo; Pernambuco; identidade
Estudante de programa de pós-graduação? | sim |
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