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Em 2023 celebramos a memória dos 140 anos do nascimento do violonista e compositor João Teixeira Guimarães (1883-1947), mais conhecido pelo seu nome artístico João Pernambuco. Natural de Jatobá (Petrolândia-PE), o compositor de Sons de Carrilhões foi um nortista (termo empregado no começo do século XX para designar o indivíduo proveniente das regiões ao norte do país) que vivenciou a experiência e os efeitos da desterritorialização. Assim como muitos de seus conterrâneos, João compôs o fluxo migratório daqueles que tinham o sonho de almejar na antiga capital do país uma oportunidade nova e melhor de vida. Fruto de uma rica tradição cultural, a identidade musical de João foi sendo forjada a partir das muitas relações que se estabeleceram no tempo, e que de certa forma foram representadas nas trocas herdadas, com contornos emblemáticos traduzidos em sua obra. Juntamente com outros ícones que pertencem ao panteão do violão brasileiro, a obra de João Pernambuco expressa um estilo próprio e representativo da música urbana fluminense, como também promoveu em seus regionais a cultura nortista muito admirada nos versos de teor sertanejo, como Luar do Sertão. Para além de recordar a presença artística do compositor, projetada a partir da cena musical fluminense, este artigo tem por objetivo promover a memória e a visibilidade da produção musical de João Pernambuco ao apresentar os resultados preliminares de uma pesquisa de mapeamento musical ainda em andamento. Metodologicamente, o mapeamento partiu da comparação e compilação dos levantamentos de obras atribuídas ao compositor que estão publicadas em sites dedicados a promover a história do violão. A partir disso, considerando a tipologia de produtos vinculados ao compositor, estabelecemos algumas categorias para visualizar a dimensão da produção e circulação da obra de João Pernambuco no mercado musical fluminense entre as décadas de 1910 e 1940. Desse modo, destacam-se: 1) repertório editado e comercializado em música impressa (adaptação para solo; arranjo de canções); 2) repertório com algum nível de editoria, porém não comercializado (periódico especializado, manuscrito ou pesquisa acadêmica); 3) repertório gravado na discografia de 78 rpm. No que tange aos produtos musicográficos que adquiriram algum nível de formato mercadológico, levamos em consideração os anúncios de obras que compuseram os catálogos de música impressa de estabelecimentos do comércio musical fluminense. Nesse sentido, a consulta aos jornais e periódicos especializados depositados na Hemeroteca Digital foram imprescindíveis para destacar o processo de busca por produtos impressos associados ao compositor. Cientes do volume de títulos, estendemos a busca ao acervo de partituras e discos em 78 rpm da Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) da Biblioteca Nacional. No que diz respeito ao mapeamento discográfico ampliamos a consulta ao Youtube considerando as publicações de canais de colecionadores especializados na recuperação e digitalização do acervo musical brasileiro gravado em 78 rpm. Posto isso, esta pesquisa de mapeamento sobre a produção musical de João Pernambuco reúne atualmente dados sobre 105 obras do compositor considerando a memória e a visibilidade do seu legado ao patrimônio musical brasileiro.
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